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Pastor – Um Líder de Carne e Osso

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Pra. Eneide Indalécio
Pra. Eneide Indalécio

“Conta-se que certo dia na cidade de Londres, um jovem, tendo se deparado numa encruzilhada vocacional, dirigiu-se ao grande pregador Charles Spurgeon em busca de orientação e aconselhamento. E perguntou-lhe: “O senhor acha que eu devo me tornar um pastor? Ao que Spurgeon respondeu: “Somente se não puder evitá-lo”.

Extraído do Livro Ministério Pastoral e Liderança

Embora pareça malvada, a resposta foi sábia. O apóstolo Paulo escrevendo a Timóteo em sua primeira carta no capítulo 3 e verso 1 diz: “Fiel é esta palavra: Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja”.

O “cuidar de pessoas” é uma excelente obra, no entanto, o vocacionado treme diante dessa encruzilhada porque ainda que excelente, também é cheia de percalços, daí a sábia resposta de Spurgeon: “Ser pastor somente se não puder evitá-lo”.

A chamada ao ministério é uma chama que queima de tal forma que a única coisa a se fazer é aceitar a incumbência, olhando firmemente para quem o vocacionou e o chamou e, continuar a caminhada na certeza de que se trata verdadeiramente de uma “excelente obra”.

Muitos pastores caem em duas armadilhas aqui…

Em nossa realidade atual, aqueles que pastoreiam o rebanho de Deus também vivenciam das mesmas exigências, pressões, demandas e responsabilidades que as demais pessoas, tendo casa e família para zelar e proteger, amizades para cultivar além de uma congregação para pastorear.

A igreja hodierna, diz Buckland, necessita de bons líderes, mas muitos têm dificuldade em lidar com a natureza dessa função, pois ainda que extremamente dedicados, com freqüência sua mente e corpo lhes dão sinais de alerta e, mesmo sabendo que isso é um atributo divino, que só Deus realiza o impossível, eles tentam realizar acima do que dão conta de fazer.

Por outro lado, outros pastores até reconhecem que não podem fazer tudo, mas se arriscam a passar por sofrimento; colocam uma mão desejosa no arado e esperam que com esforço suficiente, poderão pelo menos agradar alguns. No entanto, não percebem que dessa maneira aos poucos vão se escravizando das exigências e necessidades de sua igreja e logo cairão no esgotamento e no vazio daquilo que parecia ser toda sua motivação.

Investindo no melhor caminho…

Não poucas vezes o pastor no afã de alcançar seu desempenho máximo, precisando conciliar todas essas coisas, quase nunca dedica do seu próprio tempo para o autoconhecimento. Sem saber, eles perdem a oportunidade de desenvolver uma habilidade que o levaria a se aprofundar em sua vida espiritual, habilidade esta que lhe permite controlar melhor suas emoções tão necessárias para o presente momento, a fim de que sua jornada atente ao que está escrito em Hebreus:

“que façam o trabalho com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil”.

Hebreus 13:17b

O autoconhecimento é uma experiência libertadora. Trata-se de uma atitude emocional e mental baseada em crescimento e aprendizado onde o indivíduo produz mais e melhor, se sinta bem e evite sofrimentos.

No exercício do autoconhecimento o líder questionará quem ele é realmente no ministério, qual a sua expectativa, como está exercendo sua influência e autoridade, como proteger bem sua vida familiar, como não cair no engodo do sexo oposto além do cuidado com sua vida devocional. São demandas que exigem muito do líder cada dia de sua vida.

Ainda nesse sentido, pesquisas revelam que 28% dos líderes cristãos são passíveis de abandonar o ministério, daí a vantagem de quem desenvolve o autoconhecimento, pois o líder tem oportunidade de entender que ele é gente como qualquer ser humano, feito de “Carne e Osso” e vai ter que lidar com o stress e a estafa inclusive a ministerial que lhe causa sintomas físicos, emocionais e espirituais. Vencer cada etapa dessa estafa vai depender do quanto o líder dedicou a se conhecer e o quanto se deu para desenvolver essa habilidade para proteger todo o seu rebanho.

O apóstolo Paulo recomendou ao seu filho na fé Timóteo e a sua voz ainda ecoa no presente século com o mesmo conselho a todos os pastores:

“Tem cuidado de ti mesmo e do teu ensino; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem”

1 Timóteo 4:16

Pra. Eneide Indalécio
Primeira Igreja Batista de Ji-Paraná


Obra Consultada:

  • O Líder de Carne e Osso – Colin Buckand – Editora Vida Nova
  • Ministério Pastoral e Liderança. Um guia prático para todos os envolvidos no ministério. Claudemir Pedroso da Silva. Editora DCL – Difusão Cultural do Livro Ltda